Trecho de email enviado à amiga Cristina Ribas, em resposta ao seu questionamento sobre a minha participação e de outros artistas na exposição de abertura do MAR – Museu de Arte do Rio, chamada O abrigo e o terreno:
“(…) espero responder com o próprio trabalho. Participo da exposição com a USINA, com um trabalho chamado Sem título (Imagem de cidade vendida pelo mercado imobiliário X Imagem de cidade real ou Nova Luz mas poderia ser Porto Maravilha), que considero bem apropriado (crítico) ao contexto do MAR e que irá incluir debates públicos (dentro e fora do museu) sobre as operações urbanas Porto Maravilha, Nova Luz, Aquário de Fortaleza e Novo Recife.
Participo da exposição também com o Projeto Mutirão, incluindo vídeos que fiz no Morro da Providência (do pessoal marcando e medindo casas a serem demolidas) e de rebatismo da Av. Roberto Marinho*, e atividades ao longo dos seis meses de exposição junto às comunidades do entorno do museu e a funcionários do museu. A salinha que irá projetar excertos do Projeto Mutirão irá funcionar somente às terças, que é o dia de visitação gratuita, permanecendo a projeção desligada em todos os outros dias.
Convites como esse do MAR não são aceitos por mim ou pela USINA sem reflexão crítica e sem pensar qual pode ser o nosso papel ali, ainda que essa atuação não supere as tensões e contradições implicadas na aceitação”.
Graziela Kunsch, 2013
*O MAR até então era gerido pela Fundação Roberto Marinho. Nesse vídeo a Av. Jornalista Roberto Marinho é rebatizada por ativistas como “Av. Jornalista Vladimir Herzog”.
Este pequeno texto foi originalmente publicado na revista Na Borda, sob o título O abrigo X o terreno: uma sala desligada com dois colchões no chão.
foto: Alexandre R. Pereira