foto: Isadora Brant

Programa educativo da exposição Travessias Ocultas – Lastro Bolívia

O eixo do programa público educativo da exposição Travessias Ocultas – Lastro Bolívia foi desaprendermos sobre a Bolívia, a partir de uma escuta do que está oculto e não reconhecido. No mês de fevereiro foram realizadas sessões de trabalho entre mulheres bolivianas residentes em São Paulo, de diferentes gerações (crianças, jovens, adultas e idosas), classes sociais e atuações. Esse grupo concebeu ações educativas públicas relevantes ao contexto da exposição, descritas mais abaixo. Essas ações não chegaram a acontecer, por uma escolha institucional, mas as rodas de escuta entre mulheres e de concepção coletiva dessa curadoria foram lindas e intensas.
Integrantes do grupo: Ana Flávia Baldiviezo Cáceres, Adriany Cortez Chávez, Antonia Choque de Canaviri, Gabriela Condori Quispe, Hilda Velez, Jenny Ximena Chávez Chipana, Jobana Moya, Ladaynne Choque, Lineth Hiordana Ugarte Bustamante, Luana Guadalupe, Maria Aguilera Franklin de Matos, Marianela Baldiviezo Perez, Masiely Amaro Chávez, Maya Thianne Galván Ugarte, Rocio Quispe Yujra, Ruth Erica Choque Cruz e Yanet Aguilera, com a participação de Beatriz Lemos (curadora da exposição), Gabriela Leirias (supervisora do grupo de educadoras) e mediação de Graziela Kunsch (curadora educativa, responsável por esta proposição).


Roda de escuta para mulheres imigrantes
Mulheres imigrantes que estiverem passando por um momento difícil de vida ou mesmo sem saber ao certo o que estão sentindo, serão acolhidas por outras mulheres nesta roda de escuta, que terá a mediação de Lineth Hiordana Ugarte Bustamante, psicóloga com pesquisa sobre o sofrimento psíquico de imigrantes na cidade de São Paulo e Camila Bassi, psicóloga e psicanalista integrante da Clínica Pública de Psicanálise. Haverá um espaço para cuidado de crianças. Serão dois encontros entre o mesmo grupo.

Reunião de mães imigrantes por uma nova escola
Por toda a complexidade do processo de migração, muitas mães imigrantes desconhecem o cotidiano da nova escola de suas filhas e de seus filhos, a importância de sua participação nas atividades escolares e a possibilidade de serem promotoras de mudanças na escola. A partir de vídeo-cartas feitas por crianças e adolescentes imigrantes sobre suas experiências nas escolas públicas de São Paulo, neste encontro as mães serão estimuladas a conhecer mais sobre a estrutura das escolas (gestão – quem responde por o que dentro da escola, conteúdo programático, sistema de avaliação etc.) e a contribuírem desde a sua própria origem, imaginando formas de trabalhar diferenças culturais como potência.
A conversa será mediada por Rocio Quispe Yujra, mãe, imigrante, voluntária do coletivo Si, yo puedo e servidora pública do Instituto Federal de São Paulo e Adriana de Carvalho Alves, professora e pesquisadora das histórias latino-americanas, com ênfase na educação para imigrantes. Pais ou outros responsáveis também serão bem-vindos no encontro. Estamos usando “reunião de mães” em contraposição ao termo “reunião de pais”, que privilegia o plural masculino.

Encontro para Marianela falar quéchua
Chamada aberta para pessoas que falem quéchua se encontrarem para conversar com Marianela, que vive em São Paulo há mais de trinta anos e tem medo de esquecer sua língua materna por não ter com quem conversar.

A trajetória artística e autobiográfica da escultora boliviana Marina Nuñez del Prado
Entre 1930 e 1990, Marina Nuñez del Prado esteve profundamente envolvida com o cenário do indigenismo andino, trabalhando extensivamente com certos imaginários e simbologias da população indígena boliviana. Em sua autobiografia, o contato com este universo fica evidente, com destaque para diversas passagens marcantes em que Marina se deparou com aspectos culturais distantes de sua descendência espanhola, como a cura de doenças através de elementos da natureza. Além disso, ela também evidencia em seu relato o quanto a própria paisagem andina e seus elementos teriam servido como fonte inesgotável de inspiração, sendo que muitas de suas esculturas foram elaboradas com matérias provenientes do próprio solo boliviano. Segundo a artista, foi numa visita ao Lago Titicaca, ainda em sua infância, que ela teria compreendido sua vocação para as artes plásticas. Ao longo da fala serão apresentados os modos pelos quais a artista representou a mulher em sua obra – grande eixo temático que percorre toda sua produção -, e de que maneira ela refletiu sobre a condição da mulher naquele determinado contexto histórico, sempre dialogando com imaginários mais tradicionais ou mais progressistas acerca da determinação de certos papéis sociais.
Aula aberta com Giovanna Pezzuol Mazza, arte-educadora e mestranda em História na USP

Nós, quem? O cinema de Jorge Sanjinés e o Grupo Ukamau
Para Silvia Rivera Cusicanqui, Jorge Sanjinés e o Grupo Ukamau tratam a presença indígena desde a originalidade da filosofia ameríndia e não como estereótipo do originário. Nos filmes do Ukamau, os indígenas não são miseráveis ou ornamentais e isso coloca em questão a doxa mestiço/branca, que havia mantido a visão preconceituosa colonial e colocava indígenas como um passivo eleitoral ou uma hecatombe (muito violentos), ou seja, como sociedades pré-políticas ou espasmódicas. La Nación Clandestina é uma reflexão sobre como as populações indígenas ajudaram a criar, numa trajetória compartilhada, as culturas novas da grande massa indígena e mestiça da população urbana e camponesa da América Latina, como salienta Manuela Carneiro da Cunha ao falar sobre os indígenas que vivem no Brasil.
Aula aberta com Yanet Aguilera, professora da Universidade Federal de São Paulo

Desenhando a nossa árvore genealógica
Oficina para crianças

Traga de casa seu instrumento musical latino-americano
Nesta oficina cada pessoa ou família deverá levar um instrumento musical latino-americano que tenha em casa, mesmo que não saiba como tocá-lo. A ideia será aprendermos um pouco sobre cada instrumento, fazer música coletivamente e dançar. A orientação musical será de Jobana Moya e a orientação de dança de Ruth Erica Choque Cruz, ambas bolivianas residentes em São Paulo. A atividade é livre para todas as idades.