Fotos: Alexandre R. Pereira

Faixa de tecido e pintura
Execução: Frederico Luca e Laura Viana
Obra doada para integrante da campanha pela liberdade de Rafael Braga e da luta por cotas na USP

Para Graziela Kunsch, a prática artística pode promover novos campos de debate ou provocar cruzamentos entre esferas públicas e agentes sociais. Sem título (O racismo é estrutural) é a resposta da artista ao convite para participar de OSSO exposição-apelo ao amplo direito de defesa de Rafael Braga. A faixa foi feita com a mesma técnica das que marcaram os protestos de 2013 em São Paulo, produzidas pelo Movimento Passe Livre (MPL). À época, confrontados com acusações midiáticas e governamentais de que eram violentos, os ativistas pintaram uma faixa com os dizeres VIOLÊNCIA É A TARIFA. No contexto atual, a artista propôs uma frase análoga, que responde às tentativas de minimizar a violência racial como algo restrito a casos isolados e acidentais.
Paulo Miyada, curador

Junho de 2013 é insurreição. A prisão de Rafael Braga é a regra. A regra que atravessou a ditadura civil-militar. A regra que se manteve na redemocratização do país sem provocar suficiente incômodo naqueles que tinham poder para mudar essa realidade, nem suficiente incômodo para perturbar o sonho dos cidadãos brasileiros não sujeitos à ela. (…) O Brasil não vai mudar de forma estrutural porque a Lava Jato responsabiliza e prende empresários e políticos corruptos, por mais importante que isso seja – e é. O Brasil vai mudar de forma estrutural quando Rafael Braga não for preso. O Brasil vai mudar quando brasileiros como Rafael Braga tiverem amplo direito de defesa.
Eliane Brum, em “O Brasil desassombrado pelas palavras-fantasmas: como o sonho e a arte podem nos ajudar a acessar a realidade e a romper a paralisia”