Tem uns errinhos de digitação na entrevista que o Sávio Vilela fez com o Kiko Dinucci. Ao ler a entrevista, o meu olhar de editora não pôde evitar parar para anotar esses detalhes, pensando em mandar para o Sávio de repente corrigir no site dele depois. São detalhes como o “s” que falta na palavra “Guarulho”, ou a grafia correta do sobrenome do Itamar Assumpção, não “Assunção”. Transcrição e edição de falas orais é um troço difícil de fazer, e se a gente fica muito perfeccionista acaba não publicando nada. Mas o que eu ia dizer é que, no meio desses erros de digitação, achei um erro que não é erro. É um ato falho. E nesse pequeno deslize de transcrição, mais precisamente a troca de uma letra “o” pela letra “u”, o Sávio construiu a frase que poderia resumir a entrevista inteira: “Fui uma puta escola de música para mim”, teria dito o Kiko.
Na verdade o Kiko se referia a um clube da CMTC, perto da estação Armênia, como uma escola de música para ele. Esse local onde pessoas se reuniam para jogar futebol de várzea e fazer roda de samba “foi” uma puta escola para ele. Mas não foi apenas obra do acaso que fez o Sávio trocar o “foi” pelo “fui”, ou talvez o próprio Kiko, ao telefone, ter dito “fui” ao invés de “foi”. A entrevista demonstra, a todo momento, que a escola do Kiko – que na educação formal fez até o ensino médio – foi ele mesmo. (mais…)